domingo, maio 03, 2009
XCIII
Se alguma vez o teu peito parar,
Se algo deixar de arder nas tuas veias,
Se na tua boca a voz morrer sem ser palavra,
Se as tuas mãos se esquecerem de voar e adormecerem,
Matilde, amor, deixa teus lábios entreabertos
Porque esse último beijo deve continuar comigo,
Deve ficar imóvel na tua boca para sempre
Para que assim na minha morte me acompanhe também.
Morrerei beijando a tua boca fria,
Abraçando o cacho perdido do teu corpo,
E procurando a luz dos teus olhos fechados.
E assim, quando a terra receber nosso abraço,
Iremos confundidos numa única morte
Viver para sempre a eternidade de um beijo.
XCIII – Cem Sonetos de Amor – Pablo Neruda
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2 comentários:
Nunca nos cansamos de Pablo Neruda..
Dos meus preferidos:
"Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho."
Obrigada por visitares o meu modesto cantinho. Quando vou ler outro poema ou texto lindo da autoria de JFDourado? :)
Bjk
Bela escolha, Nirvana!
Isso agora... Infelizmente, ou felizmente, sou um "escritor" pouco prolífico ;D
Beijinhos
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