Annouchka Brochet - The Kiss3
Recuso os sonhos que te ignoram e os desejos que não possas despertar. Não quero fazer um gesto que não te louve, nem cuidar uma flor que não te enfeite; não quero saudar as aves que ignorem o caminho da tua janela, nem beber em ribeiros que não tenham acolhido o teu reflexo. Não quero visitar países que os teus sonhos não tenham percorrido como taumaturgos vindos de fora, nem habitar cabanas, que não tenham abrigado o teu repouso. Nada quero saber de quem te precedeu em meus dias, nem dos seres que aí permanecem.
in “Correspondência Amorosa – Rainer Maria Rilke a Lou Andreas-Salomé”
2 comentários:
este texto é todo ele uma carícia. como se ao emoldurar o rosto de alguém com um movimento de mão, este gesto mais não fosse do que o prolongamento do próprio braço, o pronúncio de um beijo ainda sem lábios, mas já pleno de doçura...
lindíssimo, jorge. obrigada *
Já lá deixei a minha impessão do concerto.
Limitar assim os sons só vale na poesia.
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