Magoa-me a saudade
do sobressalto dos corpos
ferindo-se de ternura
dói-me a distante lembrança
do teu vestido
caindo aos nossos pés
Magoa-me a saudade
do tempo em que te habitava
como o sal ocupa o mar
como a luz recolhendo-se
nas pupilas desatentas
Seja eu de novo a tua sombra, teu desejo,
tua noite sem remédio
tua virtude, tua carência
eu
que longe de ti sou fraco
eu
que já fui água, seiva vegetal
sou agora gota trémula, raiz exposta
Traz
de novo, meu amor,
a transparência da água
dá ocupação à minha ternura vadia
mergulha os teus dedos
no feitiço do meu peito
e espanta na gruta funda de mim
os animais que atormentam o meu sono
Mia Couto - Saudades
9 comentários:
puríssimo
:
como água
vegetal
.
.
.
ou maciez
de veludo
.
.
.
~
já viste que daqui a um mês vai estar por terras poveiras no correntes d'escritas?!ele e muitos mais :D
Vai?! não sabia. e o Luís Sepúlveda? o José Eduardo Agualusa? este ano também vêm cá? Hum, vou procurar a lista...
(:
Apenas deixo aqui desenhado um sorriso...
Espero encontar-te a ti e ao Mia também nas "Correntes"...
CSD
vou tentar aparecer por lá
(:
Belo! :)
***
Lindo.
Dá vontade de ficar horas aqui a ouvir esta musica de fundo...
Belíssima...
Puríssima...
CSD
escolhi as sete letras sete varas sete vestes cor da carne
da carne branca tronco azul com marca rosa
em brasa
para sempre para sempre sempre sempre e sempre
para
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