sexta-feira, junho 12, 2009
O sonho
O vestido branco de linho moldava-se a ti naquele sopro morno da tarde. Lá ao fundo estendia-se o campo das margaridas amarelas. Dizias: - Vêm! E eu partia no teu encalço deixando cair o casaco. Dos teus esvoaçantes cabelos surgiam Amores-perfeitos, formando, por entre o verde da relva, um trilho de flores violetas. Dizias entre sorrisos de inocente malícia: - Vêm, Amor. Vêm depressa! E continuavas a tua desafiante fuga. O meu olhar perdido. Em ti. O teu corpo, meu poema. De braços abertos e rosto oferecendo-se ao Sol, rodopiávamos por entre as margaridas amarelas. Por todo lado emergiam bolinhas translúcidas e perfumadas que subiam, sem destino, levadas pela brisa. Dizias: - Vêm! Enquanto corrias na direcção das sombras do grande cedro. E houve um momento em que nos enlaçamos no abraço dos amantes. Ao nosso lado, despojado do teu contorno, jazia o vestido branco de linho. E entre glaucos prados florescemos numa nova dança.
O sonho – Jorge Dourado – 12/06/2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
a "sagração da primavera"...
:)
AH!! Cá está! By JFDourado :)
Já tinha passado aqui, mas muito, muito a correr porque não tenho feito outra coisa nos últimos tempos a não ser correr, e não tive tempo para ler com calma.
E é precisamente isso que estas tuas palavras me transmitem. Calma, inocência, vontade de querer fechar os olhos (não, não é de sono :))... fechar os olhos e sonhar!
Muito bonito. Muito bom.
Continua! ;)
Lá saíram mais umas palavras...
:)*
belíssimo sonho este ;) adoro campos de margaridas amarelas :D *
vou contar-te um segredo, Ana. Para fazer este texto inspirei-me, em parte, numa imagem que vi no teu blogue. Uma com um campo de margaridas amarelas. Ao vê-la pensei, que bom seria correr e rodopiar por entre estas margaridas amarelas...
:)*
Enviar um comentário