quarta-feira, julho 29, 2009
Os Maias
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Eles entravam, Carlos com algum livro que escolhera na presença de Miss Sara, Maria Eduarda com um bordado ou uma costura. Mas bordado e livro caíam logo no chão – e os seus lábios, os seus braços uniam-se arrebatadamente. Ela escorregava sobre o divã: Carlos ajoelhava numa almofada, trémulo, impaciente, depois da forçada reserva diante de Rosa e diante de Sara – e ali ficava, abraçado à sua cintura, balbuciando mil coisas pueris e ardentes, por entre longos beijos que os deixavam frouxos, com os olhos cerrados, numa doçura de desmaio. Ela queria saber o que ele tinha feito durante a longa, longa noite de separação. E Carlos nada tinha a contar senão que pensara nela, que sonhara com ela… Depois era um silêncio: os pardais piavam, as pombas arrulhavam por cima do leve telhado: e Niniche, que os acompanhava sempre, seguia os seus murmúrios, os seus silêncios, enroscada a um canto, com um olho negro reluzindo desconfiadamente por entre as repas prateadas.
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in “Os Maias” – Eça de Queirós
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