terça-feira, junho 23, 2009

A rosa dourada






Guardou aquele último vislumbre da amada no seu olhar marejado. Lentamente bateu as asas e partiu em direcção do horizonte. Uma única lágrima deslizou-lhe por entre as penas douradas caindo no canteiro das rosas. Ela está feliz, pensou. Ela está feliz e é tudo o que me importa…

A rosa dourada - Jorge Dourado

sexta-feira, junho 12, 2009

O sonho


The Lying Nude - Henri Matisse

O vestido branco de linho moldava-se a ti naquele sopro morno da tarde. Lá ao fundo estendia-se o campo das margaridas amarelas. Dizias: - Vêm! E eu partia no teu encalço deixando cair o casaco. Dos teus esvoaçantes cabelos surgiam Amores-perfeitos, formando, por entre o verde da relva, um trilho de flores violetas. Dizias entre sorrisos de inocente malícia: - Vêm, Amor. Vêm depressa! E continuavas a tua desafiante fuga. O meu olhar perdido. Em ti. O teu corpo, meu poema. De braços abertos e rosto oferecendo-se ao Sol, rodopiávamos por entre as margaridas amarelas. Por todo lado emergiam bolinhas translúcidas e perfumadas que subiam, sem destino, levadas pela brisa. Dizias: - Vêm! Enquanto corrias na direcção das sombras do grande cedro. E houve um momento em que nos enlaçamos no abraço dos amantes. Ao nosso lado, despojado do teu contorno, jazia o vestido branco de linho. E entre glaucos prados florescemos numa nova dança.

O sonho – Jorge Dourado – 12/06/2009