sábado, junho 28, 2008
XXXV
A tua mão voou dos meus olhos para o dia.
A luz entrou como uma roseira florida.
Areia e céu palpitavam como uma
culminante colmeia cortada nas turquesas.
A tua mão tocou sílabas que tilintavam, taças,
galhetas com azeite amarelo,
corolas, fontes e, sobretudo, amor,
amor: a tua mão pura poupou as colheres.
A tarde foi-se. Secretamente a noite deslizou
sobre o sono dos homens sua cápsula celeste.
A madressilva soltou um triste aroma selvagem.
E a tua mão voltou voando do seu voo
a fechar suas penas que julguei perdidas
sobre os meus olhos devorados pela sombra.
Pablo Neruda – Cem sonetos de amor - XXXV
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
:)
Bom dia!
Foi bom começar o dia a ler este texto!
Beijo terno
"E a tua mão voltou voando de seu vôo"... Bom começar a semana assim, com a sensação que se pode ir e voltar. Abraços meus neste meio de tarde de sol forte. Deveria chover, mas sei que não vai. Boa semana para ti.
Acqua
Passei por aqui...e adorei as tuas escolhas...
Parabens.
:)
um autor cujos sonetos multiplicam formas, ao ler-se, ao sentir-se o poema na voz, na pele, nos olhos. mais uma boa escolha, jorge. beijo.
Enviar um comentário