quarta-feira, novembro 01, 2006

A inigualável


John William Waterhouse - Ophelia [lying in the meadow]

Ai, como eu te queria toda de violetas

E flébil de cetim...

Teus dedos longos, de marfim,

Que os sombreassem jóias pretas...

E tão febril e delicada

Que não pudesses dar um passo -

Sonhando estrelas, transtornada,

Com estampas de cor no regaço...

Queria-te nua e friorenta,

Aconchegando-te em zibelinas -

Sonolenta,

Ruiva de éteres e morfinas...

Ah! que as tuas nostalgias, fossem guizos de prata -

Teus frenesis, lantejoulas;

E os ócios em que estiolas,

Luar que se desbarata...

Teus beijos, queria-os de Tule,

Transparecendo carmim -

Os teus espasmos de seda...

- Água fria e clara numa noite azul,

Água, devia ser o teu amor por mim...


Mário de Sá Carneiro - A inigualável

3 comentários:

Ana disse...

Ah! Mário de Sá Carneiro é mesmo inigualável.

Lilly Rose disse...

belíssimo. saio, tocando as águas à superfície.

JFDourado disse...

Obrigado a ambas pela visita.

Lilly Rose: Agradeço o link no seu blogue e retribuo da mesma forma.